"O importante não é apenas acrescentar anos à vida, mas vida aos anos"

No seguimento da votação decorrida nos últimos 15 dias, "funcionamento cognitivo na vida adulta: declínio intelectual-mito ou realidade?", faremos uma reflexão crítica acerca do tema.

Como apontado por alguns estudos o envelhecimento depende do estilo de vida adoptado ao longo dos anos, que influenciarão as funções orgânicas e mentais. Com o progressivo declínio das funções fisiológicas, as pessoas submetidas a stress físico e emocional manifestam sobrecarga funcional, o que poderá levar a determinados processos patológicos.

Schaie, em 1956, num estudo pioneiro, acompanhou sujeitos dos 20 aos 88 anos aplicando o Teste de Aptidões Mentais Primárias de Thurstone. Este media o significado verbal, relações espaciais, raciocínio indutivo, números e fluidez verbal. Os resultados mostraram que existem progressos entre os 30 e 40 anos, estabilidade entre os 50 e 60 e só a partir dos 60 anos se observava um declínio intelectual significativo.

Já Baltes, definiu o modelo de inteligência com duas dimensões, a mecânica (capacidade biológicas que favorecem a cognição) e a pragmática (funcionamento cognitivo relacionado com a solução de problemas e a vida quotidiana). Estas duas componentes fazem uma distinção no envelhecimento, no qual existem perdas ligadas à inteligência mecânica e ganhos ligados a inteligência pragmática.

Ainda existe controvérsia se o declínio intelectual é mito ou realidade. A nosso ver, existem evidências que apoiam as duas vertentes. É óbvio que existem diminuições fisiológicas eestas podem afectar certas componentes cognitivas. Por exemplo, com a idade, a memória a longo prazo é afectada substancialmente.

Por outro lado, podemos dizer que essas alterações fisiológicas poderão influenciar mais o desempenho do que a própria competência para a tarefa. Do mesmo modo, o reconhecimento de velhos amigos ou acontecimentos passados não é prejudicado, não há declínio das estratégias usuais de solução de problemas ou das palavras do vocabulário, e não há dificuldade na aprendizagem de coisas novas (dado o tempo suficiente).

 Alguns estudos apontam que também se dão alterações anatómicas. O cérebro de uma pessoa idosa começa a diminuir, o que se verifica particularmente no hipocampo e lobos frontais. No entanto esta hipótese parece ruir, pois investigadores sugerem que os mais velhos podem compensar a perda de neurónios numa área do cérebro usando outra parte dele, ou seja, podem aprender a usar a parte esquerda do córtex pré-frontal para melhorar tarefas cognitivas como a memória e o raciocínio.

Concluímos que pode haver um declínio em muitas tarefas intelectuais que requerem um excelente funcionamento físico do organismo. Há uma deterioração no desempenho de tarefas que exigem velocidade ou boa memória a curto prazo.  As tarefas que requerem experiência e reconhecimento acumulado declinam muito lentamente, podendo nem chegar a ser afectadas.

Time for Popcorn #4

Esta semana resolvemos apostar num género diferente de película, recomendamos um filme de animação da Disney Pixar vencedor de 2 óscares, “Up – altamente” (2009).

Up segue a história de Carl Fredericksen, um vendedor de balões de 78 anos que após a morte da mulher tenta sobreviver numa cidade que cresce em torno da sua casa e a qual ele se recusa a vender para a construção de um prédio.

Querendo realizar o sonho de ambos, prende vários balões à sua casa com a finalidade de a fazer voar e atingir o paraíso das cachoeiras nas florestas da América do Sul. Infelizmente descobre tarde demais que o seu pior pesadelo segue viagem consigo.

Esta semana, resolvemos diversificar as nossas apostas e optamos por um filme que não só faz delirar as crianças como faz pensar os adultos.

Inicialmente, o filme retrata problemáticas como a solidão dos idosos e a perda de identidade, esta última conseguida pela teimosia do personagem em abandonar a casa onde passou toda a vida, pois perder a sua casa é deixar uma parte de si para trás.

Contudo, tal como se verifica realmente, a sociedade vê com outros olhos esse cidadão e cada vez o isola mais. Na parte mais central, retrata problemáticas como o poder dos sonhos e a força do amor, pois não querendo abandonar o sonho que sempre teve com a sua mulher, tenta realizá-lo a todo o custo, pois essa será a sua satisfação interior e o seu desejo de realização pessoal, honrando do mesmo modo a alma da sua esposa.

Esperamos que goste! 

Divirta-se e Bom fim de semana!

Aqui também disponibilizaremos sempre o link para a página do iMDb, onde poderá aceder a informações sobre o elenco, argumento, goofs e muito mais!: http://www.imdb.com/title/tt1049413/

(des)envolvimento emocional

Devido a um dos comentários deixado por um dos nossos leitores, que colocou questões pertinentes em relação ao desenvolvimento e às emoções nestes dois processos, adultez e envelhecimento, torna-se necessário fazer uma reflexão mais aprofundada.

Por causa desta vossa temática dei por mim a pensar no que é ser adulto e ocorreu-me que para ser adulto já se passou pela infância e a adolescência e que essas etapas acabam por nos dar a bagagem suficiente para podermos interpretar os nossos momentos de forma menos leviana.
E com esta ideia surgiu-me a seguinte frase: ser adulto é conseguir ser feliz no momento.
Ser feliz no momento acaba por ser algo proporcionado por uma capacidade de interpretação que se calhar antes da idade adulta não se tem... Será?

Será que com a idade e o desenvolvimento das emoções e da capacidade de interpretar conseguimos classificar os momentos mais imediatamente? Ter uma noção mais imediata do que sentimos em relação ao que se passa à nossa volta...?


O que acontece com as nossas emoções? Talvez fosse interessante revelarem algum do vosso conhecimento sobre experiencias/estudos acerca deste assunto.
                                                                                                                        S.

De facto, a infância e a adolescência são períodos que marcam substancialmente a vida e as emoções posteriormente vivenciadas, muitas vezes, com repercussões a longo prazo, principalmente na adolescência em que se atravessa um período crítico a nível hormonal, ao nível das novas exigências escolares, exigência de maior responsabilidade e alterações nas relações família/amigos. Muitas vezes estas mudanças são stressantes e de tal modo turbulentas que marcam o processo de maturação do próprio indivíduo.

Mas, se a turbulência traz tantas vezes momentos angustiosos e frustrantes, por outro lado constrói essa tal bagagem que referiu, proporcionando uma maior capacidade de interpretação do mundo e das próprias emoções.

Com toda a sinceridade não sabemos explicar se “ser adulto é ser feliz no momento”. É certo que a capacidade emocional e de regulação emocional se alteram e nasce/cria-se, assim, uma maturação no pensamento.

Com o avanço da idade presta-se mais atenção a questões emocionais, havendo uma forte motivação para aproveitar ao máximo o tempo que lhe resta. No entanto, o adulto procura também adquirir recursos para o futuro que o ajudarão, mesmo que dessas experiências resultem momentos stressantes ou desagradáveis.

Segundo a teoria de James- Lange, os adultos ponderam as suas acções antes de qualquer resposta emocional, avaliando as consequências que daí advêm. Talvez seja esta a resposta para a capacidade de classificar melhor os momentos que vivemos e o contexto em que se está inserido. Ao passo que, na adolescência, tenderemos a valorizar mais a própria introspecção enquanto indivíduo único e menos a capacidade de entender os outros e a forma como estes analisam a realidade, a experiência de vida do adulto traz capacidade de avaliar mais prontamente o momento.

Por sua vez, como demonstrado por um estudo de Cartsensen et al. (2000), as pessoas idosas, devido à estabilidade financeira e à ausência de pressão no trabalho, deslocam a atenção para eventos menos negativos e menos stressantes, sendo que a sua amígdala se activa mais prontamente para eventos/fotografias agradáveis.

A vontade de passar um bom momento quando o tempo livre aumenta torna esta faixa etária mais serena e mais positivista na sua forma de aproveitar o tempo junto dos amigos/ família.

É importante dar valor à “geração dos nossos avós”, que possuindo a sabedoria necessária, só terá coisas boas para nos transmitir.

Time for Popcorn #3

Pipocas?

Se ainda não tem corra a comprar! Sente-se no sofá e leve todos os seus amigos lá para casa.

Esta semana recomendamos o filme "O Estranho Caso de Benjamin Button", 2008, do realizador David Fincher. Uma película carregada de emoção vencedora de 3 óscares.

“Eu nasci sob circunstâncias pouco usuais". Adaptado a partir da história de F. Scott Fitzgerald, o filme inicia-se deste modo e retrata a história de um homem que nasce com uma aparência envelhecida e que por isso é abandonado pelo pai. Criado num lar de idosos conhece Daisy, o grande amor da sua vida. Apesar de ninguém acreditar na sua sobrevivência, vai ficando cada vez mais novo enquanto os outros vão envelhecendo e morrem.

Esta nossa escolha deve-se ao facto das temáticas retratadas no filme estarem associadas ao desenvolvimento na adultez e envelhecimento, contrariando o seu ciclo natural, uma vez que a personagem nasce com 80 anos e, ao contrário do que se esperaria, rejuvenesce, mantendo o próprio conhecimento e experiência da vida. À medida vai rejuvenescendo vê os outros a envelhecer e começa a tentar contrariar os seus próprios ideais, retratando cenas de situações em que a experiência de vida que já possui se torna evidente. O que nos pode levar para questões como em que medida a experiência de vida influencia o que somos e a nossa forma de ver o mundo? Um filme intemporal carregado de um desenho soberbo da vida, das nossas experiências ao longo da mesma e das nossas relações com as outras pessoas.

Esperamos que goste! 

Divirta-se e Bom fim de semana!

Aqui também disponibilizaremos sempre o link para a página do iMDb, onde poderá aceder a informações sobre o elenco, argumento, goofs e muito mais! : http://www.imdb.com/title/tt0421715/

Time for popcorn #2

Já com o balde das pipocas?

Esta semana sugerimos o filme "I never sang for my father" de Gilbert Cates,  1970, um clássico nomeado para 3 óscares.

O filme reproduz a história de um professor de Nova Iorque que tenta revolucionar a sua vida e faz planos em se casar e mudar-se para a Califórnia. Enquanto a mãe o tenta persuadir a repensar essa decisão, como forma a evitar desprezo por parte do pai, a irmã, que não tens grandes laços com o pai, aconselha-o a viver a sua própria vida e não se deixar controlar pelo pai.

Resumindo retrata a dinâmica, complexidade e dificuldade de entendimento entre gerações. Enfoca a relação entre um pai possessivo e dominador e um filho de meia-idade que tudo faz para ter o amor do seu progenitor enquanto tenta estabelecer a sua independência.

Gostaríamos que fosse deixando a sua opinião em relação aos conteúdos recomendados.

Divirta-se e Bom Fim de Semana!!!

Aqui também disponibilizaremos sempre o link para a página do iMDb, onde poderá aceder a informações sobre o elenco, argumento, goofs e muito mais!: http://www.imdb.com/title/tt0065872/

Desafio do século XXI

Apresentamos aqui um pequeno vídeo com dados sobre o envelhecimento da população portuguesa e mundial e as suas consequências actuais e futuras.

É notório o aumento da população idosa ao longo dos últimos anos, consequência de uma maior esperança média de vida- devido a factores como melhoria nos cuidados de saúde e higiene, aumento da disponibilidade e variedade de alimentos, melhoria das condições de vida em geral-  e a uma diminuição da taxa de natalidade- que se pode relacionar com a emancipação da mulher e maior investimento na sua carreira, casamento tardio, e redução da taxa nupcial, divulgação e maior uso de métodos contraceptivos. Pesa também o facto de os filhos terem passado a ser vistos como “fonte de despesa” e não como “fonte de rendimentos” como num Portugal do século XX.

Os números mostram-se alarmantes: prevê-se que em 2060 existam em Portugal cerca de 3 idosos por cada jovem, 271 idosos por cada 100 jovens, o que nos leva a antecipar problemas como exclusão social, pobreza, solidão, pressão nos sistemas de saúde e segurança social.

Torna-se, deste modo, importante e urgente o desenvolvimento de infra-estruturas de apoio e acolhimento de idosos desde já, de modo a prevenir no presente para assegurar o futuro.

Pode deixar a sua opinião relativamente a este tema. Aguardamos notícias suas!

Time for Popcorn

Com  "Time for Popcorn" tentaremos dar todas as sextas sugestões cinematográficas ligadas à adultez e envelhecimento, para que possa desfrutar de um fim de semana mais relaxado acompanhado da família ou de amigos, ou mesmo sozinho com um grande pacote de pipocas ao lado!

Esta semana, contemplamos o filme "Adulthood" de Noel Clarke, 2008, sequela de "Kidulthood" (2006), do mesmo realizador.

O filme segue a história da personagem Sam Peel, depois de ter sido libertado da prisão por homícidio e a sua inclusão num novo mundo, diferente em várias formas. O confrontar a realidade de ser um homem livre e as  dificuldades da passagem de ser adolescente para se tornar num adulto.

Sam terá de travar batalhas por aqueles a quem fez sofrer e procurar passar a sua mensagem de 'basta' à violência.

Consegui-lo, trará a diferença entre continuar a ser rapaz ou caminhar para a construção de um 'si' melhor, enquanto adulto.

Esperemos que goste e Bom Filme!

Aqui também disponibilizaremos sempre o link para a página do iMDb, onde poderá aceder a informações sobre o elenco, argumento, goofs e muito mais! : http://www.imdb.com/title/tt1126596/

Expectativas

Lançado o desafio, no âmbito da disciplina de psicologia do desenvolvimento, iremos desenvolver um blog relacionado com as temáticas adultez e envelhecimento.

Erikson define os conceitos acima referidos como "aceitação do nosso próprio e único ciclo de vida, como algo que teve que acontecer e que não permitiu necessariamente substituições...as crianças saudáveis não terão medo da vida, se os mais velhos tiverem suficiente integridade para não temerem a morte"(Erikson, 1963).

E porquê falar sobre este tema?  O aumento da longevidade humana traz a necessidade de promover uma melhor qualidade de vida e de expandir  conhecimentos  acerca destas fases de desenvolvimento. 

Pretendemos, então,  facilitar o acesso à informação relacionada com aspectos como as diferentes visões/teorias desenvolvimentais, os processos psicológicos inerentes e as diferentes fases e as suas implicações no ser humano. Interessar-nos-ia abordar assuntos como emoções, interesses pessoais, processos cognitivos, exigências profissionais, interacção social e conjugal.

Tentaremos abordar os temas de forma dinâmica, através de resumo/crítica de artigos científicos, exploração de vídeos, músicas, divulgação de instituições dedicadas ao convívio, interacção social e prestação de cuidados, manutenção dos laços familiares, rede de amigos e suporte na manutenção da actividade/activação física e mental.

Até breve!