quarta-feira, 30 de março de 2011

"O importante não é apenas acrescentar anos à vida, mas vida aos anos"

No seguimento da votação decorrida nos últimos 15 dias, "funcionamento cognitivo na vida adulta: declínio intelectual-mito ou realidade?", faremos uma reflexão crítica acerca do tema.

Como apontado por alguns estudos o envelhecimento depende do estilo de vida adoptado ao longo dos anos, que influenciarão as funções orgânicas e mentais. Com o progressivo declínio das funções fisiológicas, as pessoas submetidas a stress físico e emocional manifestam sobrecarga funcional, o que poderá levar a determinados processos patológicos.
Schaie, em 1956, num estudo pioneiro, acompanhou sujeitos dos 20 aos 88 anos aplicando o Teste de Aptidões Mentais Primárias de Thurstone. Este media o significado verbal, relações espaciais, raciocínio indutivo, números e fluidez verbal. Os resultados mostraram que existem progressos entre os 30 e 40 anos, estabilidade entre os 50 e 60 e só a partir dos 60 anos se observava um declínio intelectual significativo.
Já Baltes, definiu o modelo de inteligência com duas dimensões, a mecânica (capacidade biológicas que favorecem a cognição) e a pragmática (funcionamento cognitivo relacionado com a solução de problemas e a vida quotidiana). Estas duas componentes fazem uma distinção no envelhecimento, no qual existem perdas ligadas à inteligência mecânica e ganhos ligados a inteligência pragmática.
Ainda existe controvérsia se o declínio intelectual é mito ou realidade. A nosso ver, existem evidências que apoiam as duas vertentes. É óbvio que existem diminuições fisiológicas eestas podem afectar certas componentes cognitivas. Por exemplo, com a idade, a memória a longo prazo é afectada substancialmente.
Por outro lado, podemos dizer que essas alterações fisiológicas poderão influenciar mais o desempenho do que a própria competência para a tarefa. Do mesmo modo, o reconhecimento de velhos amigos ou acontecimentos passados não é prejudicado, não há declínio das estratégias usuais de solução de problemas ou das palavras do vocabulário, e não há dificuldade na aprendizagem de coisas novas (dado o tempo suficiente).

 Alguns estudos apontam que também se dão alterações anatómicas. O cérebro de uma pessoa idosa começa a diminuir, o que se verifica particularmente no hipocampo e lobos frontais. No entanto esta hipótese parece ruir, pois investigadores sugerem que os mais velhos podem compensar a perda de neurónios numa área do cérebro usando outra parte dele, ou seja, podem aprender a usar a parte esquerda do córtex pré-frontal para melhorar tarefas cognitivas como a memória e o raciocínio.
Concluímos que pode haver um declínio em muitas tarefas intelectuais que requerem um excelente funcionamento físico do organismo. Há uma deterioração no desempenho de tarefas que exigem velocidade ou boa memória a curto prazo.  As tarefas que requerem experiência e reconhecimento acumulado declinam muito lentamente, podendo nem chegar a ser afectadas.

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