domingo, 20 de março de 2011

(des)envolvimento emocional

Devido a um dos comentários deixado por um dos nossos leitores, que colocou questões pertinentes em relação ao desenvolvimento e às emoções nestes dois processos, adultez e envelhecimento, torna-se necessário fazer uma reflexão mais aprofundada.

Por causa desta vossa temática dei por mim a pensar no que é ser adulto e ocorreu-me que para ser adulto já se passou pela infância e a adolescência e que essas etapas acabam por nos dar a bagagem suficiente para podermos interpretar os nossos momentos de forma menos leviana.
E com esta ideia surgiu-me a seguinte frase: ser adulto é conseguir ser feliz no momento.
Ser feliz no momento acaba por ser algo proporcionado por uma capacidade de interpretação que
 
se calhar antes da idade adulta não se tem... Será?
Será que com a idade e o desenvolvimento das emoções e da capacidade de interpretar conseguimos classificar os momentos mais imediatamente? Ter uma noção mais imediata do que sentimos em relação ao que se passa à nossa volta...?


O que acontece com as nossas emoções? Talvez fosse interessante revelarem algum do vosso conhecimento sobre experiencias/estudos acerca deste assunto.
                                                                                                                        S.



De facto, a infância e a adolescência são períodos que marcam substancialmente a vida e as emoções posteriormente vivenciadas, muitas vezes, com repercussões a longo prazo, principalmente na adolescência em que se atravessa um período crítico a nível hormonal, ao nível das novas exigências escolares, exigência de maior responsabilidade e alterações nas relações família/amigos. Muitas vezes estas mudanças são stressantes e de tal modo turbulentas que marcam o processo de maturação do próprio indivíduo.

Mas, se a turbulência traz tantas vezes momentos angustiosos e frustrantes, por outro lado constrói essa tal bagagem que referiu, proporcionando uma maior capacidade de interpretação do mundo e das próprias emoções.

Com toda a sinceridade não sabemos explicar se “ser adulto é ser feliz no momento”. É certo que a capacidade emocional e de regulação emocional se alteram e nasce/cria-se, assim, uma maturação no pensamento.
Com o avanço da idade presta-se mais atenção a questões emocionais, havendo uma forte motivação para aproveitar ao máximo o tempo que lhe resta. No entanto, o adulto procura também adquirir recursos para o futuro que o ajudarão, mesmo que dessas experiências resultem momentos stressantes ou desagradáveis.

Segundo a teoria de James- Lange, os adultos ponderam as suas acções antes de qualquer resposta emocional, avaliando as consequências que daí advêm. Talvez seja esta a resposta para a capacidade de classificar melhor os momentos que vivemos e o contexto em que se está inserido. Ao passo que, na adolescência, tenderemos a valorizar mais a própria introspecção enquanto indivíduo único e menos a capacidade de entender os outros e a forma como estes analisam a realidade, a experiência de vida do adulto traz capacidade de avaliar mais prontamente o momento.

Por sua vez, como demonstrado por um estudo de Cartsensen et al. (2000), as pessoas idosas, devido à estabilidade financeira e à ausência de pressão no trabalho, deslocam a atenção para eventos menos negativos e menos stressantes, sendo que a sua amígdala se activa mais prontamente para eventos/fotografias agradáveis.

A vontade de passar um bom momento quando o tempo livre aumenta torna esta faixa etária mais serena e mais positivista na sua forma de aproveitar o tempo junto dos amigos/ família.

É importante dar valor à “geração dos nossos avós”, que possuindo a sabedoria necessária, só terá coisas boas para nos transmitir.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá!

Peço desculpa por demorado a agradecer o vosso post de resposta à questão que coloquei. Queria dizer-vos que achei a resposta muito pertinente e interessante.

E gostei muito do facto de ligarem as teorias à vida real. É um passo importante para aproximar as pessoas e a ciência. =)

S.

LMPS disse...

Obrigada pelo seu comentário. É sempre positivo a participação dos nossos leitores o que nos estimula a continuar.
Continue a comentar.