sexta-feira, 22 de abril de 2011

Time for popcorn #8

Esta semana sugerimos o filme “As Horas”, 2002, de Stephen Daldry. Vencedor do Óscar de melhor actriz através de Nicole Kidman pela interpretação de Virgínia Woolf.
A película descreve a história de três mulheres que carregam nas suas vidas sentimentos em comum, satisfações e o próprio fracasso. Embora as personagens vivam em espaços distintos, as suas narrativas intercalam-se. Virginia Woolf é uma escritora, afastada da agitação de Londres e apercebe-se, com o passar dos dias, que se torna mais infeliz e angustiada, acabando por deixar transparecer os seus sentimentos para a sua própria obra. Laura, mãe e dona de casa, vive um conflito interno entre a aparente tranquilidade e felicidade familiar e a artificialidade do casamento e dos sentimentos e pensa na morte para escapar da realidade da sua vida medíocre; está a ler o livro de Virgínia Woolf, o qual reforça sua ideia de evasão e suicídio. Por fim, Clarissa, mulher do século XXI, uma editora bem sucedida vive um relacionamento lésbico de longa data. Preocupa-se, de momento, com a festa de comemoração à atribuição de um prémio à obra do seu melhor amigo e ex-amante, Richard. Este, vive fechado num apartamento imundo e é portador de HIV. No meio dos preparativos, Clarissa pressente o vazio daquela arrumação fútil e o peso das horas.
Resumindo, deparamo-nos com uma mulher que gostaria de ser uma personagem de um romance, uma que o escreve (a própria Virgínia Woolf), outra que o vive.
Na nossa opinião este é mais um filme que retrata muitos problemas pessoais e que cada vez se tornam mais sociais. Sentimentalmente carregado, demonstra pequenas incoerências familiares que podem fazer ruir até a melhor fortaleza. A frustração do tempo e o próprio cansaço, a rotina absurda e previsível da vida, cria, na maior parte das vezes, um desgaste psicológico que pode conduzir a uma mudança radical ou até mesmo a uma atitude drástica. Referindo-nos, claro está, com conhecimento de causa por já termos visto o filme, às ideias de suicídio de Virgínia Woolf que todas as personagens principais vão evidenciando. Este, é cada vez mais, um tema que necessita de ser entendido e explorado pela sociedade, pois é necessária uma intervenção no sentido da compreensão e de como saber lidar com esta situação.  Solidão, ao mesmo tempo, infelicidade, doença, identidade e realização sexual, são temas cada vez mais debatidos na adultez e que tomam uma repercussão importante no desenvolvimento enquanto indivíduo e enquanto cidadão. São essas lutas internas e universais que transformam, em todos nós, a auto-realização e a existência sentida e que impedem que as horas e os momentos se tornem insuportavelmente decadentes. As decisões que tomamos e a forma como procuramos valorizar a vida e a percepção da efemeridade das horas transformará estas mulheres em quem sabe nós mesmos! Um filme que nos leva a pensar que nem sempre a vida é aquilo que esperávamos e que o passar das horas apenas leva a um aumento do desespero, ao pensamento de que nada muda com o passar do tempo e de que somos seres realmente sem poder.

Nem sempre as horas são diferentes, há que viver cada momento como se fosse o último, é a mensagem que nos deixa este brilhante filme que relata problemáticas reais e actuais do adulto!
se for curioso e quiser saber mais, aqui também disponibilizamos sempre o site do IMDb: http://www.imdb.com/title/tt0274558/ 

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