Esta semana fomos desfiados a abordar o filme “Juno” à luz das nossas temáticas.
À primeira vista parece ser um filme que fala (mais uma vez) da gravidez na adolescência mas, de facto, “Juno” foca-se num conjunto bem mais abrangente de temáticas.
Poderemos falar da dificuldade de uma família (neste caso os pais) em encarar uma gravidez, parecendo para esta de mais fácil compreensão se a protagonista cometesse actos socialmente incorrectos, como drogar-se ou conduzir bêbeda. Inicialmente não é um assunto que seja fácil, porque acarreta muitas mudanças na vida de uma pessoa e claro está, uma adolescente, que ainda estuda, pode não estar preparada para elas. Como tal, é difícil para os pais que ainda vêem as suas crias como meras crianças e que de repente têm já de se preocupar com assuntos de adulto. Apesar disso, neste caso, os pais reagem de forma a solucionar e a tornar a sua vida mais fácil, inteirando-se e fazendo parte do processo: indo com ela ao médico e acompanhando-a quando vai conhecer os potenciais pais adoptivos. Deparámo-nos, então, com um contexto de família como uma base de suporte bastante forte e necessária.
Por outro lado, também se aborda a dificuldade da sociedade em entender os jovens, vendo-os muitas vezes como pessoas inconsequentes e nada capazes de assumir as suas responsabilidades (cara de alívio da técnica de ecografia quando se diz que o bebé vai ser dado para adopção, dando a entender que a jovem seria uma má mãe). Por outro lado, será que jovens que se encontram nesta situação não poderão aproveitar para desenvolver a sua maturidade, mais cedo, é certo, mas de forma igualmente consistente?
Aborda também a dificuldade que alguns casais enfrentam, hoje em dia tema recorrente, de não conseguir engravidar.
O filme também trata a dificuldade de um homem em ser pai, porque não imagina ter tanta responsabilidade ou porque existem outras prioridades na sua vida. No filme o pai adoptivo põe em evidência questões pessoais, nomeadamente a sua auto-realização (ser uma estrela de rock). Esta dificuldade pode acontecer também nas mulheres, provavelmente noutros tempos nem sequer se pensava nesta possibilidade porque a mulher estaria completamente e sempre receptiva a ser mãe, aliás este era o seu papel e dever na sociedade. Porém, enquanto uma mulher passa por todo o processo de ser mãe, e é parte activa, o pai por vezes é um mero espectador, aguardando a altura do nascimento para começar a intervir no processo de acompanhamento da criança. Este aspecto não facilita a sua concepção de ser pai, pois a responsabilidade por um novo ser por vezes só é percebida no momento em que o recebe nos braços e se apercebe da sua fragilidade.
No caso do filme, sendo um pai adoptivo esta percepção é ainda mais distante, porque não há qualquer envolvimento físico do casal na gravidez e o emocional é de uma componente muito frágil, pois existe a possibilidade de a mão biológica desistir e ter-se-á de lutar com uma situação próxima de luto.
A questão do divórcio também está aqui implicada. A separação de um casal é uma situação que traz as suas mudanças psicológicas e emocionais. Neste caso é curiosa a forma como acontece pois esta insegurança não seria de espera uma vez que estariam (à partida) preparados para ter filhos, constituir família e de repente existem desentendimentos graves relacionados com este aspecto. Ter filhos é uma questão essencial que tem de ser discutida pelo casal. Ter a certeza que ambos querem essa responsabilidade e que procuram o mesmo, para mais tarde não se tornar numa questão de insegurança para a criança. Por outro lado, também poderíamos abordar a questão de hoje em dia as famílias monoparentais já estarem preparadas (e terem também muitas formas de apoio) para educar uma criança, pois consegue-se obter uma educação com sucesso na presença de apenas uma das figuras. Claro que este ponto é ainda discutível actualmente e que principalmente uma sociedade conservadora como a nossa, ainda não o aceita totalmente.
De facto, se olharmos com mais atenção, “Juno”, de forma clara e optimista, ensina-nos a encarar os problemas de frente, procurando agir e não apenas ver acontecer.
1 comentário:
Olá! Achamos interessante a vossa crítica ao filme. Enquanto vocês priviligiaram certos aspectos, nós incidimos a nossa reflexão na adolescência e no contexto familiar de Juno de modo a relaciona-se com o nosso tema. De facto é curioso o quão rico em temáticas o filme é! Bom trabalho e visitem-nos! beijinho.
Ana Vieira, Filipa Cunha e Daniela Rebelo.
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